Bolsonaro diz que ''perseguição continua'' após depor à PF sobre Eduardo
Filho do ex-presidente é suspeito de tentar obstruir processo da tentativa de golpe de Estado
O ex-presidente Jair Bolsonaro afirmou que a "perseguição" judicial contra ele e sua família continua, após prestar depoimento à Polícia Federal sobre a suposta articulação do filho, o deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), para obter sanções contra autoridades brasileiras junto ao governo de Donald Trump.
A audiência faz parte do inquérito aberto para esclarecer se o "zero três" atua contra o prosseguimento da ação da tentativa de golpe de Estado, na qual o pai é réu.
— A perseguição continua. O trabalho que ele (Eduardo) faz lá (nos EUA) é pela democracia no Brasil. Não existe lobby para sancionar quem quer que seja no Brasil — disse Bolsonaro na saída do depoimento, acrescentando que reou parte das doações que recebeu via Pix para o filho. — Eu botei R$ 2 milhões na conta dele. Tenho dois netos de 1 e 4 anos. É bastante dinheiro.
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Bolsonaro disse ainda que não tem "nada a ver" com a deputada federal Carla Zambelli, que teve a prisão decretada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Eduardo é suspeito, segundo a Procuradoria-Geral da República (PGR) e a decisão do Supremo Tribunal Federal que abriu a investigação, de cometer os crimes coação no curso do processo, obstrução de investigação de organização criminosa e tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito.
Bolsonaro, por sua vez, foi citado pela PGR como o beneficiário direto das ações do filho e por ter declarado que seria "o responsável financeiro" pela estadia de Eduardo em solo americano.
O ex-presidente deve prestar informações em relação a esses dois pontos. A oitiva ocorre em Brasília.
A investigação é relatada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, que conduz a ação penal contra Bolsonaro e seus aliados por suposto envolvimento em um plano de golpe.
Moraes também intimou Eduardo Bolsonaro a prestar esclarecimentos. Como mora nos Estados Unidos e está licenciado do cargo desde fevereiro, ele poderá enviar as respostas por escrito.
O ministro do Supremo também determinou que o Itamaraty indicasse "autoridades diplomáticas aptas" a prestar depoimento sobre as articulações do deputado do PL em território americano.
Na segunda-feira, foi colhido o primeiro depoimento do inquérito. Na ocasião, o líder do PT na Câmara, deputado Lindbergh Farias (RJ), afirmou que Eduardo tem atuado para "intimidar" e "depredar simbolicamente" o STF e outros órgãos responsáveis pela investigação sobre a suposta trama golpista. Farias é o autor da representação que ensejou o pedido da PGR.
Aos investigadores, Farias pediu que os bens e contas de Bolsonaro sejam bloqueados para impedir que ele continue patrocinando o filho no exterior.
— Isso é um golpe continuado — comentou ele.