Após Zambelli deixar o Brasil, advogado renuncia defesa da deputada
Em entrevista à rádio bolsonarista, parlamentar afirmou ter saído do país para buscar tratamento médico
Após a deputada federal Carla Zambelli ter deixado o país, o advogado Daniel Bialski anunciou que renunciou sua defesa. Em nota, ele alegou "motivo de foro íntimo" para a decisão. "
"Eu fui apenas comunicado pela Deputada que estaria fora do Brasil para dar continuidade a um tratamento de saúde. Todavia, por motivo de foro íntimo, estou deixando a defesa da Deputada, como já lhe comuniquei. Agora, detalhes sobre ela devem ser requisitados à Karina, assessora da Deputada", diz o posicionamento.
O anúncio ocorre cerca de duas horas a entrevista de Zambelli à Rádio Auriverde, na manhã de hoje. Segundo a parlamentar, sua saída do país ocorreu inicialmente para tratar um problema de saúde.
— Estou fora do Brasil já faz alguns dias. Vim, a princípio, buscar um tratamento médico, e agora vou pedir para que eu possa me afastar do cargo (...) Vou me basear na Europa, tenho cidadania europeia. Estou muito tranquila quanto a isso — afirmou.
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A deputada afirmou que pretende viajar pelo continente europeu e se reunir com autoridades para denunciar o que chama de distorções na realidade brasileira. Ela também declarou ter receio de perder o o às redes sociais e pediu que seus apoiadores em a seguir sua mãe, Rita, que deve disputar as eleições no próximo ano. Segundo Zambelli, ela está tentando transferir seus perfis nas plataformas digitais para a mãe. A parlamentar também revelou que emancipou seu filho de 17 anos.
Zambelli se disse vítima de perseguição, mas afirmou ter “renascido” fora do Brasil:
— Me cansei de ficar calada, me cansei de não atender meu público (...) Nosso país não tem condições de abarcar pessoas que querem falar tanto quanto eu
Durante a entrevista, a deputada aproveitou para criticar o sistema eleitoral:
— Aqui fora eu posso falar: nossas urnas não são confiáveis — declarou.
Zambelli deixou o país antes da conclusão do julgamento de todos os recursos contra sua condenação, que pode resultar em prisão e na perda do mandato parlamentar. A sentença foi motivada por seu envolvimento em invasões ao sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
De acordo com a Procuradoria-Geral da República (PGR), Zambelli e o hacker Walter Delgatti foram responsáveis por elaborar e inserir diversos documentos falsos no sistema do CNJ. Entre eles, um mandado de prisão forjado contra o ministro Alexandre de Moraes, redigido como se tivesse sido assinado pelo próprio magistrado. O documento foi incluído no Banco Nacional de Mandados de Prisão, vinculado ao CNJ.
Logo após a condenação, ela deu uma entrevista coletiva em São Paulo, criticando a sentença. Esta foi sua última aparição pública no Brasil.
Atualmente afastada do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Zambelli afirmou que sua relação com ele foi "envenenada" pelo ex-advogado Fábio Wajngarten, que teria a responsabilizado pela derrota nas eleições presidenciais. Wajngarten foi recentemente demitido a mando da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro.