Sabor da Igualdade: Projeto incentiva empreendedorismo de mulheres periféricas
Iniciativa tem como objetivo fortalecer o empreendedorismo feminino na culinária, além de formar uma rede de mulheres comunicadoras
O bairro de Santo Amaro, no Recife, é o cenário para a realização do projeto Sabor da Igualdade, uma iniciativa para fortalecer o empreendedorismo das mulheres na culinária e formar uma rede de mulheres comunicadoras pelos direitos humanos, contra o racismo e a desigualdade de gênero.
O ponto de partida para o projeto é a confecção do doce Nego Bom, cuja história está relacionada à exploração das pessoas negras escravizadas no Brasil. Enquanto aprendem a preparar a iguaria, as participantes debatem e refletem sobre o racismo e como ele ainda incide, principalmente junto às mulheres de áreas mais vulnerabilizadas.
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Foram selecionadas 15 mulheres da comunidade para participarem gratuitamente de quatro tardes do projeto, entre os dias 9 e 12 de junho, na sede da casa onde funciona o grupo Mulheres de Luta de Ponte do Maduro, na Rua Artemis.
Sabor da Igualdade
Quem vai compartilhar o conhecimento sobre a confecção do doce, além de reflexões sobre racismo e empreendedorismo enquanto mulher de comunidade é uma cozinheira selecionada através de chamada pública divulgada no perfil da Tangram Cultural, no Instagram.
A cozinha, espaço historicamente delegado às mulheres, é transformada, então, em lugar de ideias transformadoras, inclusive do ponto de vista econômico. O objetivo é que, ao final do encontro, as participantes estejam aptas a empreender e vender um doce diferenciado, com uma pegada de ativismo pelos direitos humanos.
Para alcançar esse objetivo, as idealizadoras do projeto, as jornalistas Germana Pereira e Marcionila Teixeira, explicam que a programação também conta com a participação da equipe do programa Tá com Elas - o Crédito é da Mulher, da Prefeitura do Recife e gerido pela Secretaria da Mulher.
A iniciativa oferta um mix de serviços para as mulheres empreendedoras ou que desejam empreender, disponibilizando o a conteúdos sobre empreendedorismo em linguagem leve e simples, mentorias individuais, além de apoio com dúvidas sobre precificação, fluxo de caixa e marketing digital.
Oficina de comunicação
A partir do debate inicial sobre racismo, o Sabor da Igualdade amplia a discussão para outros segmentos sociais estigmatizados por olhares, comportamentos e, principalmente, palavras, com uma oficina de comunicação pela garantia de direitos humanos.
Serão mostrados termos e situações que ferem os direitos de determinados grupos e que são, inclusive, reproduzidos na imprensa e nas redes sociais.
“Refletir sobre a forma como nos comunicamos com essas pessoas ou quando nos referimos a elas é uma maneira de proporcionar a formação de uma rede de mulheres comunicadoras pelos direitos humanos em suas comunidades e, ao mesmo tempo, transformar preconceitos em enfrentamento das desigualdades diversas”, explica Marcionila Teixeira.
O projeto conta também com uma vivência sobre narrativas de vendas, onde Germana Pereira vai debater sobre o que motiva uma compra e diferentes formas e narrativas para contar a história de um produto ou negócio.
“Nosso objetivo é mostrar que cada doce carrega uma história única. Quando comunicado de forma consciente, com intencionalidade, autenticidade e criatividade, deixa de ser apenas um produto para se tornar instrumento de resistência e emancipação econômica”, afirma Germana.
Após uma oficina com dicas de fotos e vídeos, as mulheres ainda vão aprender a produzir o próprio conteúdo para as redes sociais promovendo o Nego Bom de variadas formas, partindo de todas as reflexões anteriores.
O Sabor da Igualdade é uma realização da Tangram Cultural, com incentivo do SIC/Fundação de Cultura Cidade do Recife/Secretaria de Cultura/Prefeitura da Cidade do Recife.