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opinião

Inovação precisa ser simples para gerar impacto real

A inovação virou a nova obsessão do mercado, exaltada em discursos, cobrada em metas, mas muitas vezes, desconectada da realidade. De acordo com o estudo "ROI na Inovação – Benchmark Report 2025", realizado pela Match IT, 88% das empresas brasileiras contam com equipes destinadas à inovação ou pesquisa e desenvolvimento (P&D), mas 30% delas ainda não possuem mecanismos estruturados para medir os resultados. Dados como esse reforçam que em um ambiente de negócios cada vez mais dinâmico, competitivo e digital, ficou claro que inovar é essencial para sobreviver. Porém, muitas companhias ainda acham que inovação precisa ser complexa para dar certo – ideia totalmente equivocada e que, na verdade, só contribui para atrasar a implementação e sucesso das iniciativas. 

Esqueça os laboratórios futuristas, com equipes gigantescas, tecnologias caríssimas e longos ciclos de desenvolvimento. Na prática, a inovação que mais transforma é, na maioria das vezes, simples, direta e focada em resolver um problema real da sociedade. Ela refere-se a pequenas mudanças, ajustes ou melhorias incrementais que podem ter um impacto significativo em um produto, processo ou serviço. Em vez de buscar revolucionar completamente uma área, a inovação simples se concentra em encontrar maneiras mais eficientes, econômicas ou criativas de fazer as coisas. 

Temos exemplos de empresas consolidadas e bem-sucedidas que apostaram justamente nisso: o iFood não criou o conceito de entrega de comida, mas simplificou a experiência para todos os envolvidos (quem pede, quem entrega e quem vende). A Amazon começou com uma proposta muito básica: vender livros online. Mas sua determinação em facilitar a vida do cliente a transformou na gigante que conhecemos hoje, cheia de soluções “simples”, porém inovadoras. 

Esses casos exemplificam muito bem como a busca por simplificação aliada a inovação é o que gera escalabilidade e impacto real. E vale ressaltar que inovar com impacto não é, necessariamente, sinônimo de criar algo inédito e disruptivo. Em minha experiência empreendendo e orientando diversos negócios, o ponto de virada, na maioria das vezes, é encontrar formas mais simples e eficientes de fazer o que já existe. Mas, para isso, é essencial fomentar uma cultura organizacional baseada na escuta ativa, atenção às demandas do usuário/consumidor e incentivo às equipes para testarem novas ideias sem medo de falhar. A lógica do MVP (produto mínimo viável), longe de estar ultraada, é cada vez mais necessária.

Outro ponto importante é desmistificar a noção de que inovar custa caro. É claro que tecnologia e equipes qualificadas exigem investimentos, porém, inovação não é sobre o quanto se gasta, mas sim como fazer isso de forma coerente e estratégica. Às vezes, grandes ideias podem nascer em times pequenos, com recursos limitados, mas com muita clareza de propósito.

Nesse cenário, o papel das lideranças é criar ambientes propícios à inovação, com times multidisciplinares, autonomia, confiança e, acima de tudo, foco em problemas reais dos consumidores. Gosto de dizer que não precisamos reinventar a roda todos os dias, apenas contribuir para que ela continue girando e levando a novos caminhos.


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