Operação mira lavagem de dinheiro da cúpula do CV que envolvia Professor e esposa de Poze do Rodo
Influencer Viviane Noronha é alvo de busca e apreensão; agentes estiveram no endereço onde ela e cantor moram
A Polícia Civil do Rio realiza, nesta terça-feira, uma operação para desarticular o núcleo financeiro do Comando Vermelho, responsável pela lavagem de mais de R$ 250 milhões. Os valores são oriundos do tráfico de drogas e da aquisição de armamentos de uso , afirma a corporação.
Os agentes cumprem mandados de busca e apreensão nos estados do Rio de Janeiro e de São Paulo. Entre os investigados estão a influencer Viviane Noronha, esposa de MC Poze do Rodo e um homem com histórico identificado como relevante no sistema financeiro informal ligado à facção e procurado pelo FBI por suspeita de atuar como operador de valores para a Al-Qaeda, conforme dados de cooperação internacional.
A ação inclui ainda ordens de bloqueio e indisponibilidade de bens e valores de 35 contas bancárias. O esquema criminoso utilizava pessoas físicas e jurídicas para dissimular a origem ilícita dos valores, promovendo o reinvestimento em fuzis, cocaína e na consolidação do poder territorial da facção em diversas comunidades.
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As investigações identificaram Fhillip Gregório da Silva, o Professor — que morreu no último domingo no Complexo do Alemão, na Zona Norte do Rio —, como uma das figuras centrais da engrenagem financeira da facção, responsável por eventos como o "Baile da Escolinha".
O evento, afirma a Polícia Civil, funcionava como ferramenta de captação de recursos para o tráfico de drogas e armas. A morte do criminoso, dizem os policiais, não compromete o andamento do inquérito e também não interfere nas medidas judiciais em andamento. A sua importância dentro do esquema, principalmente na estruturação de empresas de fachada para dar aparência de legalidade ao dinheiro sujo, continua.
Segundo a investigação, Viviane Noronha e sua empresa figuram como beneficiárias diretas de recursos oriundos do CV, recebidos por meio de laranjas com o objetivo de ocultar a origem ilícita do dinheiro. As análises financeiras apontam que valores provenientes do tráfico de drogas e de operadores da lavagem de capitais da facção foram direcionados para contas bancárias ligadas à influenciadora, que, ainda conforme a Polícia Civil, ou a ser um dos focos centrais do inquérito.
As investigações apontam ainda que um restaurante situado em frente ao local onde é realizado o "Baila da Escolinha" funcionava como ponto de lavagem de dinheiro, movimentando recursos provenientes do tráfico sob a fachada de atividade empresarial lícita, diz a Polícia Civil. O local. de acordo com a corporação, era utilizado como polo logístico e símbolo de poder da facção, conectando a vida noturna da comunidade à engrenagem financeira do CV.
Outra empresa com papel relevante no esquema, segundo a Polícia Civil, é uma produtora identificada como operadora de lavagem de dinheiro e fomentadora de bailes funk promovidos por integrantes da facção criminosa, que funcionavam como ponto de venda de drogas. As investigações revelaram que o responsável pela firma e a própria empresa figuram como destinatários diretos de recursos financeiros oriundos de operadores do CV, recebendo valores de pessoas físicas e jurídicas com o objetivo de ocultar a origem ilícita dos lucros do tráfico.
Entre os remetentes identificados nas análises financeiras destacam-se, afirma a Polícia Civil, um segurança pessoal do traficante Edgar Alves de Andrade, o Doca, chefe da facção no Complexo do Alemão, e o homem procurado pelo FBI.
A operação mobiliza equipes das delegacias de Roubos e Furtos (DRF), de Repressão a Entorpecentes (DRE) e do Departamento Geral de Combate à Corrupção, ao Crime Organizado e à Lavagem de Dinheiro (DGCOR-LD).