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RIO DE JANEIRO

Morte de Professor: chefe do tráfico do Alemão tinha 65 anotações criminais descritas em 72 páginas

Fhillip da Silva Gregório, o Professor, era um dos principais nomes da facção Comando Vermelho que domina o Complexo do Alemão

Encontrado morto nesse domingo (1), Fhillip da Silva Gregorio, conhecido como Professor, tinha uma ficha criminal extensa e atuava como um dos chefes do tráfico no Complexo do Alemão, na Zona Norte do Rio. Com 37 anos, ele era um dos principais alvos das forças de segurança e respondia por uma série de crimes graves, incluindo tráfico de drogas, associação criminosa, homicídios e lavagem de dinheiro. Segundo a Folha de Antecedentes Criminais obtida pelo Extra, traficante acumulava 65 anotações criminais, registradas em um documento de 72 páginas.

Em 2018, o professor foi condenado a 21 anos, 10 meses e 14 dias de prisão em regime fechado por tráfico de drogas, associação para o tráfico e aumento de pena por tráfico ilícito. A sentença, à época, foi confirmada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e transitou em julgado, ou seja, se tornou definitiva em março daquele ano.

As acusações contra Fhillip Gregório incluem ainda diversos homicídios qualificados. Em um dos inquéritos, ele foi denunciado por participação em um assassinato com qualificadoras como motivo torpe e uso de recurso que dificultou a defesa da vítima. Segundo as investigações,

Professor teria dado ordem para executar o idoso Andir José de Barros, de 74 anos, diagnosticado com Alzheimer em estágio avançado, após um "julgamento" num tribunal do tráfico, em 15 de outubro de 2023.

A vítima foi levado para a comunidade Fazendinha, localizada no conjunto de favelas no Alemão, na Zona Norte do Rio. Lá, foi novamente agredido, submetido ao tribunal do tráfico, torturado e morto. O corpo do idoso nunca foi encontrado. De acordo com a polícia, o idoso foi executado porque traficantes acharam que ele tinha cometido crime de pedofilia, o que nunca aconteceu.

Em outros casos, Fhillip respondia por tentativa de homicídio com o agravante de envolvimento com o tráfico. Também pesavam contra ele investigações por lavagem de dinheiro e ocultação de bens, inclusive com inquéritos conduzidos pela Polícia Federal e pela Delegacia de Combate às Organizações Criminosas (DCOD). Em 2019, foi indiciado por envolvimento em organização criminosa estruturada, com ramificações financeiras e armadas.

Apesar do histórico, algumas acusações acabaram arquivadas ou resultaram em absolvição. Em um dos processos, datado de 2012, Professor foi inocentado pela 3ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio, que determinou a expedição de alvará de soltura.

A ficha criminal do traficante revela ainda registros por roubo majorado, violência doméstica e porte ilegal de arma de fogo de uso . Em 2021, foi um dos investigados em um inquérito por homicídio simples arquivado por insuficiência de provas.

Mesmo com agens pelo sistema penitenciário, o traficante continuava a exercer influência sobre o tráfico no Alemão. Fontes da Polícia Civil apontam que ele integrava o núcleo estratégico do Comando Vermelho, e há indícios de que tenha mantido o controle de áreas mesmo após sua condenação.

Professor é apontado como o responsável pelo transporte e aquisição de armas, drogas e munição para a quadrilha do Complexo do Alemão. Com contatos no Paraguai, Peru, Bolívia e Colômbia. Fhilip deixou a cadeia no dia 23 de setembro de 2018, após receber benefício de Visita Periódica ao Lar, quando estava preso no Instituto Penal Edgard Costa, e nunca mais retornou a sua unidade prisional, e é considerado Evadido do Sistema Prisional.

Segundo fontes da Polícia Militar, o corpo foi encontrado com marcas de tiros. A Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) assumiu o caso e informou que o chefe do tráfico se matou.

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