Mesmo os veganos que obtêm proteína suficiente podem não ter aminoácidos essenciais, diz estudo
A pesquisa analisou diários alimentares de 193 praticantes do veganismo de longa data
A alimentação vegana se baseia em verduras, legumes e frutas, excluindo qualquer alimento provindo de origem animal. Um novo estudo mostrou que em um acompanhamento de pessoas que optaram pelo veganismo a longo prazo, uma grande proporção não conseguiu obter os níveis necessários dos aminoácidos lisina e leucina mesmo adquirindo a quantidade suficiente de proteínas.
Isso é um motivo de preocupação pois ambos os aminoácidos, que funcionam como "blocos de construção" moleculares que compõem a proteína, fazem parte do grupo chamado "aminoácidos essenciais".
E este conjunto, que também inclui triptofano, valina, fenilalanina, treonina, isoleucina, metionina e histidina, não é produzido naturalmente pelo corpo humano. Ou seja, são obtidos apenas através da alimentação.
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Dessa forma, a equipe de pesquisadores explica que os alimentos de origem vegetal, parte primordial do veganismo, apresentam níveis mais variados de aminoácidos indispensáveis que o corpo pode usar, em comparação com alimentos de origem animal. No Brasil, não existem dados precisos sobre o número total, mas é estimado que 7 milhões de pessoas sejam adeptas ao veganismo, de acordo com a Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB).
A pesquisa, publicada na revista científica PLOS One, analisou diários alimentares detalhados de quatro dias mantidos por 193 veganos de longa data que moram na Nova Zelândia. A partir disso, descobriram que três quartos dos participantes atingiram as necessidades diárias totais de proteína. Considerando o peso corporal, a ingestão de todos os aminoácidos indispensáveis também atingiu as necessidades.
Contudo, diferente de pesquisas anteriores, a equipe levou em consideração a digestibilidade. Com isso, foi descoberto que apenas metade dos participantes atingiu as necessidades diárias de lisina e leucina.
Entre os tipos de alimentos consumidos pelos participantes, leguminosas e leguminosas foram os que mais contribuíram para a ingestão geral de proteína e lisina.
"As dietas veganas são a forma mais restritiva de alimentação à base de plantas, dependendo inteiramente de fontes vegetais para todos os nutrientes. Alcançar alta qualidade proteica em uma dieta vegana exige mais do que apenas consumir proteína suficiente também depende do equilíbrio e da variedade adequados de alimentos vegetais para fornecer todos os aminoácidos nas quantidades de que nosso corpo necessita", escreveram os autores.
Além disso, os pesquisadores ressaltaram que a falta de aminoácidos essenciais pode afetar de forma negativa o equilíbrio da quantidade de proteínas, a manutenção dos músculos e outras funções fisiológicas. Segundo eles, esse processo pode ser ainda mais instável no caso de populações vulneráveis.
Mas, segundo a equipe, existe uma solução muito simples para o possível problema.
"A inclusão de leguminosas, nozes e sementes surge como fonte vegetal valiosa não apenas para reforçar a ingestão geral de proteínas, mas também para aumentar especificamente as quantidades de lisina e leucina em uma dieta vegana", concluem.