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EUA

Harvard processa governo Trump por bloquear matrícula de estudantes estrangeiros

Universidade alega que revogação viola a Constituição americana

A Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, entrou com um processo contra o governo Trump nesta sexta-feira devido à decisão do presidente Donald Trump de revogar a autorização da instituição da Ivy League para matricular estudantes internacionais, publicou a agência Reuters.

Em uma queixa apresentada no tribunal federal de Boston, Harvard classificou a revogação como uma "violação flagrante" da Primeira Emenda da Constituição dos Estados Unidos e de outras leis federais. A universidade também afirmou que a medida teve um "efeito imediato e devastador" tanto para a instituição quanto para mais de 7 mil portadores de visto.

A medida anunciada pelo governo Trump na quinta-feira ocorre em meio a uma queda de braço da instituição com a Casa Branca, que exige medidas alegadamente de combate ao antissemitismo no campus, mas que são vistas como uma forma de controle externo sobre um dos principais centros de produção de conhecimento no mundo.

Em nota, o Departamento de Segurança Interna (DHS) disse que "a liderança de Harvard criou um ambiente inseguro no campus ao permitir que agitadores antiamericanos e pró-terroristas assediassem e agredissem fisicamente indivíduos, incluindo muitos estudantes judeus, e obstruíssem de outras formas seu outrora venerável ambiente de aprendizado".

O texto diz ainda que "muitos desses agitadores são estudantes estrangeiros", e acusa Harvard de "se envolver em atividades coordenadas" com o Partido Comunista Chinês. Além do veto a novos alunos, os atuais poderão perder seus vistos ou serem obrigados a buscar uma nova universidade.

A Universidade Harvard, a mais rica dos EUA, é o principal algoz de Trump em sua alegada cruzada para combater o antissemitismo no ambiente universitário nos Estados Unidos. Desde o estouro da guerra em Gaza, em 2023, os campi vivenciaram inúmeros protestos contra o conflito, apontados como atos antissemitas por boa parte do establishment político americano, incluindo democratas e republicanos.

Após sua vitória na eleição do ano ado, Trump ou a ameaçar com corte de verbas as instituições que não seguissem sua cartilha, que incluía restrições ao direito de protesto e mudanças em departamentos como os dedicados ao Oriente Médio. Alunos acusados de participar de protestos, ou que emitiram opiniões consideradas extremistas foram presos e correm o risco de serem deportados.

Muitas instituições cederam, como a Universidade Columbia, em Nova York, que corria o risco de perder US$ 400 milhões em financiamento federal — nesta semana, a reitora da universidade, Claire Shipman, foi vaiada em cerimônias de formatura, e ouviu gritos contra a guerra na Faixa de Gaza.

Já Harvard preferiu enfrentar Trump, mesmo diante da ameaça de perder o a cerca de US$ 9 bilhões em financiamento federal — desde abril, cerca de US$ 4 bilhões foram suspensos em diversas frentes, incluindo financiamento direto e participação em iniciativas de pesquisa. A universidade entrou com uma ação judicial para tentar reverter os cortes. A Casa Branca também ameaçou retirar de Harvard o benefício de isenção fiscal.
 

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