Câncer de mama: mortes no mundo devem crescer 68% em 25 anos, e mais ainda no Brasil, diz OMS
Entre as brasileiras, mortalidade pela doença deve subir 73,4%
Uma nova projeção da Agência Internacional para Pesquisa sobre o Câncer (Iarc), braço da Organização Mundial da Saúde ( OMS), estima que os casos de câncer de mama vão crescer 38% no planeta até 2050 em relação aos números de 2022. Já as mortes devem aumentar 68% no mesmo período.
De acordo com o estudo, globalmente foram registrados 2,3 milhões de novos casos de câncer de mama entre mulheres em 2022, e 670 mil óbitos. A agência projeta que, daqui a 25 anos, os números subirão para 3,3 milhões de diagnósticos anuais e 1,1 milhão de vítimas fatais.
As estimativas, publicadas na revista científica Nature Medicine, apontam ainda que o impacto é desproporcional em países de renda mais baixa. No Brasil, por exemplo, a projeção é de um crescimento acima da média global em ambos os indicadores.
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Segundo os números da Iarc, de 2022 para 2050 os casos devem sair de 94,7 mil para 146,3 mil no país, uma alta de 54,5%. Já as mortes anuais devem crescer 73,4%, de 22,2 mil para 38,5 mil. Entre os continentes, a África deve viver uma alta de 137,3% na mortalidade pela doença, enquanto a estimativa para a Europa é de um aumento de 25,7%.
O trabalho da Iarc destaca que o câncer de mama é o tipo de neoplasia mais comum entre as mulheres, e o segundo mais prevalente no geral. Com base nas taxas de hoje, 1 em cada 20 mulheres será diagnosticada com a doença, e 1 em cada 70 morrerá. Em relação à faixa etária, 72% dos novos casos ocorrem acima dos 50 anos, e 79% dos óbitos.
"A cada minuto, quatro mulheres são diagnosticadas com câncer de mama no mundo, e uma mulher morre da doença, e essas estatísticas estão piorando”, alerta a cientista da IARC Joanne Kim, uma das autoras do relatório. Em nota, ela defende que as tendências podem ser mitigadas ou revertidas “adotando políticas de prevenção primária” e investindo na detecção precoce e no tratamento da doença.
A nova pesquisa também mostra que o cenário de desigualdade não é apenas em relação à tendência futura, ele já é uma realidade hoje. Embora nações de maior renda tenham taxas mais altas de incidência (novos casos por ano), as de menor renda sofrem com maior mortalidade.
De acordo com a Iarc, isso acontece porque países mais ricos têm mais fatores de risco para a doença, como consumo de álcool e sedentarismo, enquanto os mais pobres têm menos diagnóstico e tratamento.
Nos países com índices de desenvolvimento humano (IDH) considerados muito altos, 17 mulheres morrem a cada 100 diagnosticadas com câncer de mama. Já nas nações com IDH baixo, 56 morrem a cada 100 pacientes. “Essa disparidade reflete desigualdades no o à detecção precoce, ao diagnóstico oportuno e ao tratamento abrangente do câncer de mama”, diz a Iarc em nota.
“O progresso contínuo na detecção precoce e no o ao tratamento são fundamentais para reduzir as desigualdades globais no câncer de mama e garantir que o objetivo de diminuir o sofrimento e a mortalidade pela doença seja alcançado por todos os países”, afirma Isabelle Soerjomataram, vice-chefe do Departamento de Vigilância do Câncer da Iarc."
Em 2021, a OMS lançou a Iniciativa Global de Câncer de Mama e estabeleceu como meta reduzir a mortalidade global pela doença em 2,5% ao ano para evitar 2,5 milhões de vidas perdidas até 2040. A estratégia foca em detecção precoce, diagnóstico rápido (até dois meses após o primeiro contato com a rede de saúde) e no tratamento. Os dados da Iarc, no entanto, apontam que o mundo caminha na direção contrária.