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GUERRA COMERCIAL

Assessores de Trump insistem em manter tarifas, mesmo após decisão judicial

Principais conselheiros econômicos afirmam que a Casa Branca seguirá usando outros instrumentos legais para pressionar a China

Os principais assessores econômicos do presidente Donald Trump afirmaram neste domingo que não serão desencorajados pela recente decisão judicial que considerou ilegais muitas das tarifas do governo. Eles ressaltaram que a Casa Branca ainda dispõe de outros instrumentos legais para pressionar a China e outros países a negociar.

Eles também sinalizaram que Trump não tinha planos de estender a pausa original de 90 dias em algumas de suas tarifas mais altas. Isso aumenta a possibilidade de que essas taxas — cujo simples anúncio já havia abalado os mercados — entrem em vigor conforme o planejado, em julho.

"Fiquem tranquilos, as tarifas não vão desaparecer", disse Howard Lutnick, secretário de Comércio, durante uma participação no programa “Fox News Sunday”.

Perguntado sobre o futuro das tarifas recíprocas, anunciadas pela primeira vez e rapidamente suspensas em abril, Lutnick acrescentou: “Não vejo hoje que uma prorrogação (da pausa) esteja a caminho”.

A estratégia tarifária do presidente entrou em território político e jurídico desconhecido na semana ada, depois que um tribunal federal de comércio entendeu que Trump havia usado de forma indevida uma lei de poderes econômicos emergenciais ao tentar travar uma guerra comercial global.

A decisão teria interrompido rapidamente essas tarifas, que são o ponto central da estratégia do presidente de pressionar outros países a negociar acordos comerciais. Mas um tribunal de apelações logo concedeu ao governo uma breve pausa istrativa para analisar os argumentos do caso, que deve chegar à Suprema Corte.

Em documentos judiciais anteriores, o governo havia afirmado que uma decisão desfavorável contra suas tarifas prejudicaria as negociações e enfraqueceria o presidente.

Funcionários em altos cargos da Casa Branca chegaram a prometer fechar 90 acordos em 90 dias, mas desde então conseguiram anunciar apenas uma estrutura para um possível acordo com o Reino Unido.

No entanto, no domingo, o secretário de Comércio minimizou a ideia de que Trump teria sofrido um novo revés, dizendo que isso “nos custou uma semana, talvez”. Ele afirmou que a Casa Branca acabaria fechando “acordos de primeira classe”.

Trump eleva pressão sobre a China
A decisão não desacelerou Trump, que atacou a China na sexta-feira por não cumprir um acordo negociado entre Washington e Pequim, no qual as duas nações reduziram suas tarifas, antes consideradas draconianas, enquanto aguardam um acordo de longo prazo.

Naquele mesmo dia, o presidente também anunciou que dobraria as tarifas aplicadas ao aço importado, que agora seriam de 50%, em uma medida que pode resultar em preços mais altos para os consumidores americanos.

Kevin Hassett, diretor do Conselho Econômico Nacional da Casa Branca, disse ao programa “This Week”, da ABC, que esperava que Trump e o líder chinês, Xi Jinping, pudessem conversar sobre comércio já nesta semana, embora depois tenha dito que uma conversa ainda não havia sido agendada ou confirmada.

Scott Bessent, secretário do Tesouro, reiterou separadamente que as negociações com a China estavam paralisadas, citando o fato de Pequim estar retendo suas exportações de minerais de terras raras, essenciais para cadeias globais de suprimentos industriais.

“Talvez seja uma falha no sistema chinês; talvez seja intencional”, disse Bessent ao programa “Face the Nation”, da CBS.

Bessent também defendeu as tarifas sobre o aço como uma forma de proteger empregos americanos no setor. Ele reconheceu que ainda não está claro como as novas taxas podem afetar a indústria da construção, que ele caracterizou como um “ecossistema muito complicado”.

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