Federação pede desculpas por expor campeã olímpica no anúncio de teste de gênero obrigatório
World Boxing citou nominalmente a campeã olímpica Imane Khelif em comunicado sobre exames necessários para competir em torneio
A recém-criada World Boxing pediu desculpas após a polêmica criada na semana ada, quando a campeã olímpica Imane Khelif foi citada nominalmente no anúncio de um teste de gênero obrigatório para todos os atletas com 18 anos ou mais que desejem competir em torneios de boxe organizados pela federação. Na ocasião, a participação da argelina no Box Cup de Eindhoven (Holanda), entre 5 e 10 de junho, foi vetada até que ela se submetesse aos exames.
A entidade recuou e afirmou à BBC Sport que o presidente, Boris Van der Vorst, pediu desculpas à Federação Argelina de Boxe.
— Escrevo pessoalmente para apresentar minhas desculpas formais e sinceras. Reconheço que sua particularidade deveria ter sido protegida — afirmou.
A nova federação mundial de boxe, responsável pelo programa olímpico e amador da modalidade, havia anunciado na última sexta-feira a introdução de testes genéticos de gênero obrigatórios para seus atletas.
A entidade também vetou a participação da boxeadora argelina Imane Khelif, medalha de ouro nas Olimpíadas de Paris e vítima de polêmicas, em eventos da modalidade até que ela e pela testagem.
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Segundo a federação, os testes fazem parte de uma nova política de "sexo, idade e peso", que entrará em vigor no dia 1º de julho e que foca em "garantir a segurança dos participantes e entregar um nível competitivo igual para homens e mulheres"
"A política está em fase final de desenvolvimento e foi elaborada por um grupo de trabalho do Comitê Médico e Antidoping do Boxe Mundial, que analisou dados e evidências médicas de uma grande variedade de fontes e consultou amplamente outros esportes e especialistas ao redor do mundo", diz o comunicado.
A federação mundial diz ainda que enviou uma carta à federação argelina de boxe informando o veto a Khelif, que já não poderá participar da Copa de Boxe de Eindhoven (Holanda) enquanto não ar pela testagem.
A instituição lembra as polêmicas dos Jogos de Paris-2024 e argumenta que a medida, motivada por "reações" sobre sua participação no evento na Holanda, visa à "segurança e bem-estar de todos os atletas, incluindo Khelif, e busca proteger a saúde mental e física de todos os participantes da Copa".
O teste será feito pelas federações nacionais e envolverá atletas acima dos 18 anos, que arão por um exame genético PCR (reação de polimerase em cadeira) para "determinar seu sexo no nascimento e sua elegibilidade para competir". Segundo a federação, o teste, realizado via swab nasal ou bucal, saliva ou amostra de sangue, buscará o gene SRY, que indica a presença do cromossomo Y.
Nas atletas em que for detectado tal cromossomo ou "diferença no desenvolvimento sexual (DSD) em que ocorre androgenização masculina", a participação só será liberada na categoria masculina. Caso contrário, estará liberada a participação na categoria feminina.
Haverá possibilidade de recurso, e os resultados serão reados para análises clínicas independentes para avaliações complementares no caso de uma atleta com cromossomo Y ou DSD com androgenização masculina que queira disputar a categoria feminina.
Imane Khelif foi vítima de polêmica e ataques em Paris ao disputar o torneio sob recusa de outra associação, a Associação Internacional de Boxe (IBA), em autorizá-la a disputar o Mundial de 2023. Segundo a entidade, que não apresentou os resultados dos testes de gênero, a argelina teria a combinação de cromossomos XY, masculina.
A IBA havia sido desfiliada pelo Cômite Olímpico Internacional (COI) naquele mesmo 2023 por questões de governança. O comitê, por sua vez, autorizou a participação de Khelif nos Jogos.
Os ataques e discurso de ódio cresceram na estreia da argelina, quando a italiana Angela Carini abandonou a luta aos 46 segundos com dores no rosto. Mesmo sob ataques, Khelif avançou no torneio e garantiu o ouro na categoria meio-médio ao vencer a chinesa Yang Liu na final.