Adolescente sofre racismo em jogo da base do Santa Cruz em Garanhuns, no Agreste
Menino de 12 anos foi xingado de 'negro safado' enquanto era substituído na partida
Um caso de racismo chamou a atenção e atraiu a revolta de quem assistia e participava da fase de classificação da ‘Garanhuns Cup’, no bairro Heliópolis, no município de Garanhuns, no Agreste pernambucano.
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Durante uma partida entre o Sub-13 do Santa Cruz contra o CT Lúcio Alves, na última sexta-feira (6), jogadores adolescentes teriam sido xingados por um homem, de 24 anos, que seria funcionário público da Prefeitura de Garanhuns e estaria trabalhando e filmando o jogo, realizado no Parque Euclides Dourado.
O pai de um dos atletas de 13 anos conversou com a Folha de Pernambuco e desabafou sobre o triste episódio vivido por ele e pela família.
Segundo ele, os xingamentos teriam sido proferidos pelo homem desde o início da partida. Mais de um menino teria sido vítima dos insultos.
“Ele começou a xingar e tirar brincadeiras de mau gosto com os meninos do Santa Cruz, ainda quando eles [os meninos] estavam no aquecimento. Durante o jogo, ele ainda ficou perturbando os jogadores que estavam na reserva. Quando o meu filho foi substituído, ele o chamou de ‘negro safado’ e xingou dessa mesma forma um outro que jogava de volante e também foi substituído. Ele ainda chamou um goleiro reserva, de 11 anos, de ‘alma sebosa’ e ‘marginal’. Um atacante que foi substituído também foi chamado de ‘a fome’”, disse ele.
Denúncia
No momento da agressão verbal, um pai de um dos meninos, que é policial civil e conhece agentes da área, acionou a polícia, que o recolheu e levou para uma delegacia. Ainda segundo o pai, não teria havido qualquer problema ou desentendimento antes do começo da partida.
O pai afirmou ainda que prestou um Boletim de Ocorrência virtualmente e que o racismo não pode ar em branco, independentemente da idade, classe social, cor ou ideologia.
“Na verdade, quando é um adulto, a gente até tenta contornar a situação. Eu, por exemplo, já sofri racismo, mas não me manifestei como agora, para defender o meu filho. [Racismo] Com uma criança de 12 anos é inissível ter esse tipo de conduta e chamar de ‘negro safado’. Por isso que o meu intuito foi logo de levar para a justiça e conduzi-lo para a delegacia”, complementou ele.
O que diz o Santa Cruz?
Por meio de nota divulgada nas redes sociais, o time expressu repúdio à atitude criminosa, frisando ainda que atitudes como essa são configuradas como crime.
“É inissível que, em pleno século XXI, jovens atletas ainda sejam alvos de ataques covardes e discriminatórios por conta da cor da pele. Não há espaço para o racismo no esporte, na sociedade, nem em lugar nenhum. Toda e qualquer manifestação de preconceito deve ser combatida com firmeza, responsabilidade e consciência coletiva”, explicou.
Durante o comunicado, o clube disse ainda estar oferecendo total apoio ao atleta e à família dele, além de tomar as medidas cabíveis, junto às autoridades competentes.
“Esperamos que os responsáveis sejam identificados e responsabilizados conforme prevê a lei. Seguiremos firmes na luta por um futebol mais justo, humano e inclusivo. Santa Cruz é resistência, é diversidade, é voz ativa contra o racismo”, finalizou.
Polícia Civil
Procurada pela reportagem, a Polícia Civil de Pernambuco explicou que o caso foi registrado como injúria qualificada racial, na 135ª Delegacia de Garanhuns, e que “um inquérito policial foi instaurado para apurar todos os fatos”.
Prefeitura de Garanhuns
A gestão foi ada, mas não se pronunciou até a publicação desta matéria. Assim que houver o posicionamento, o texto será atualizado.