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Coluna Movimento Econômico

Política de crédito do BNDES deixa o Nordeste para trás

Segundo o banco, sazonalidade e o cenário externo justificam a situação

O primeiro trimestre de 2025 começou com um sinal de alerta para o Nordeste: os desembolsos do BNDES à região despencaram 30% em relação ao mesmo período de 2024, totalizando apenas R$ 2,6 bilhões. Em igual ritmo, as aprovações de crédito recuaram 33%. No acumulado de 12 meses, os desembolsos atingiram R$ 12,1 bilhões, o equivalente a apenas 9% do total nacional um nível inferior à participação da região tanto no PIB (14%) quanto na população (27%) do país.

O contraste com Sul e Sudeste é gritante. Juntas, essas duas regiões concentraram 75% dos recursos liberados pelo banco, consolidando um padrão de alocação que reforça desigualdades históricas. Economistas ouvidos pelo Movimento Econômico atribuem o quadro a uma escolha deliberada de política industrial: o programa Nova Indústria Brasil (NIB) está priorizando áreas já densamente industrializadas, com infraestrutura consolidada e grandes empresas.

Para o economista Paulo Cavalcanti, da UFPB, a ausência de metas regionais vinculantes e o desconhecimento, por parte de muitos empreendedores nordestinos, dos instrumentos de apoio federal contribuem para essa marginalização. A proposta de reservar ao menos 14% dos investimentos do BNDES ao Nordeste piso compatível com sua contribuição ao PIB não foi acolhida pelo governo.

A sazonalidade e o cenário externo justificam a situação, segundo a diretora de Crédito Digital para Micro, Pequenas e Médias Empresas do BNDES, Maria Fernanda Coelho. Ela ressalta que três linhas estruturantes do banco ainda não estavam disponíveis até março: Mais Inovação (dentro do programa Brasil Mais Produtivo); Mais Equipamentos (com foco em modernização industrial); Fundo Clima, com recursos para projetos sustentáveis. Essas linhas, segundo ela, entrarão em operação a partir de junho e devem impulsionar o crédito na segunda metade de 2025. 
Maria Fernanda assegura que apesar da retração no início de 2025, o BNDES deve superar o volume de crédito concedido ao Nordeste em 2024, que foi de R$ 16,7 bilhões. 

Crédito mais pulverizado
Apesar da queda geral nas aprovações de crédito no Nordeste, o BNDES ampliou o apoio às micro e pequenas empresas da região no primeiro trimestre de 2025. Os microempreendimentos receberam R$ 78,2 milhões, alta de 19% em relação ao mesmo período de 2024. Já as pequenas empresas foram responsáveis por R$ 340,2 milhões em aprovações, avanço de 33%. Por outro lado houve retração nas grandes operações, que caíram de R$ 1,45 bilhão para R$ 644 milhões. As médias empresas também registraram queda, de R$ 758 milhões para R$ 640 milhões.

Stellantis
A primeira década da montadora Stellantis em Pernambuco será celebrada com festa para convidados na noite desta quinta-feira, no Instituto Ricardo Brennand. Antes, pela tarde, a montadora reúne jornalistas para uma coletiva. Especula-se que deve anunciar a produção do primeiro carro hibrido a etanol a ser produzido na planta de Goiana.

Vem aí...
A ACLF Empreendimentos promete anunciar em breve um empreendimento para o bairro da Boa Vista, um dos bairros mais estratégicos do Recife, com comércio vibrante, serviços completos e infraestrutura consolidada. 

ADEPE
O Governo de Pernambuco, por meio da Agência de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco (Adepe), está investindo cerca de R$ 40 milhões em obras de infraestrutura em todo o Estado. Os aportes são direcionados para Distritos Industriais e requalificação de espaços públicos em diversos municípios. De 2023 para cá, já foram concluídas 14 obras com aplicação de outros R$ 30 milhões.

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