Logo Folha de Pernambuco
Coluna Movimento Econômico

Ferrovias avançam, mas há risco de vazios logísticos no interior do Nordeste

Trata-se de um problema estrutural do planejamento logístico brasileiro

Em meio à expansão ferroviária observada no Brasil e na América Latina, cresce a discussão sobre o risco de isolamento do Nordeste nesse modal logístico. Enquanto países vizinhos atraem investimentos chineses robustos para projetos transcontinentais e a Bahia avança com a FIOL (Ferrovia de Integração Oeste-Leste), o andamento da Transnordestina executada em ritmos distintos em Pernambuco e Ceará volta a expor as limitações de integração da malha ferroviária regional.

No segundo semestre deste ano, serão publicados os editais para a contratação das empresas responsáveis pela continuidade das obras nos lotes SPS 04 (CustódiaArcoverde, com 73 km) e SPS 07 (CachoeirinhaBelém de Maria, com 53 km), em Pernambuco. A dos contratos está prevista para dezembro, com início das obras programado para o primeiro semestre de 2026, segundo o governo federal.

Apesar desse avanço, o economista Jorge Jatobá alerta que o traçado atual da ferrovia privilegia grandes corredores de exportação, mas com baixa articulação entre os estados nordestinos e pouca capacidade de interiorizar os benefícios econômicos. Em evento recente sobre economia regional, Jatobá destacou os riscos de um modelo ferroviário excessivamente verticalizado e pouco integrador.

Tanto a Transnordestina quanto a FIOL foram concebidas prioritariamente para atender o escoamento de commodities minerais e agrícolas, conectando o interior diretamente ao litoral, mas sem estruturar ramais regionais que permitam a formação de cadeias produtivas distribuídas ao longo da malha. A tendência é de que municípios médios e pequenos permaneçam dependentes do transporte rodoviário, com custos logísticos elevados e restrições ao desenvolvimento econômico.

Não há sequer ligação entre a FIOL e a Transnordestina. A FIOL interliga o oeste da Bahia à costa de Ilhéus, com perspectiva de conexão futura à Ferrovia de Integração Centro-Oeste (FICO) e ao Sudeste. Atualmente, há forte concentração de investimentos na faixa centro-sul do continente, integrando principalmente Brasil, Bolívia, Peru, Chile, Argentina e Paraguai, em direção ao Pacífico. Esses corredores priorizam o escoamento da produção de commodities, principalmente agrícolas e minerais, do Centro-Oeste brasileiro e da Argentina até portos no Pacífico e Atlântico.

Isso aumenta a preocupação diante do risco de que, no médio prazo, a FIOL e a alimentar corredores transoceânicos em direção ao Pacífico, o que atrapalha os planos de Suape para receber os grãos do Matopiba, como vem sendo planejado, aproveitando a oportunidade gerada pelo gargalo nos portos do Norte do Brasil.

Trata-se de um problema estrutural do planejamento logístico brasileiro: a ausência de uma política nacional de corredores de integração transversal, capazes de conectar de fato os estados da região e estimular o desenvolvimento interno.

A expectativa agora recai sobre a elaboração do novo Plano Nacional de Ferrovias. A projeção é atrair R$ 100 bilhões em investimentos até 2035, em uma expansão que deve ser impulsionada principalmente pelo capital privado, favorecido por renovações antecipadas de concessões e novos marcos regulatórios. Com a meta de dobrar a participação ferroviária no transporte de cargas e ampliar a malha nacional em cinco mil quilômetros, espera-se que o plano traga, em seu cerne, uma lógica mais integrada e menos concentrada apenas na exportação.

Exporta PE

Nesta quarta-feira (04) a Agência de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco (Adepe), juntamente com o Centro Universitário Tabosa de Almeida (Asces), lançará programa voltado à promoção das exportações e à internacionalização de empresas pernambucanas, o Exporta PE.

Sustentabilidade

A Fricon ganhou o selo prata do Programa Better Stands na Fispal Food Service, em São Paulo. A premiação foi concedida pela Informa Markets, empresa responsável pela montagem do evento, em reconhecimento à contribuição da multinacional na redução dos impactos ambientais do seu stand e ao compromisso com a sustentabilidade.

Newsletter