"Estamos preparando a rede para pagamentos só com reconhecimento facial ou digital", diz Visa
Ao prever evolução dos meios de pagamento, empresa investe em soluções digitais para se tornar uma plataforma de serviços
A Visa se prepara para um futuro em que o rosto ou a digital do consumidor bastem para concluir qualquer compra, afirma Leonardo Collado, vice-presidente sênior de Serviços de Valor Agregado para a América Latina e o Caribe.
De acordo com o executivo, a empresa desenvolveu uma autenticação biométrica capaz de substituir o cartão por uma credencial digital segura, o Serviço Visa de Chaves de Pagamento (keys). Agora, o foco será expandir essa tecnologia.
— Imagine um mundo onde exista uma credencial digital, armazenada com segurança. Tudo que você precisa fazer é aparecer com seu reconhecimento facial ou sua impressão digital. Assim, consegue comprar em qualquer lugar, a qualquer hora. Estamos preparando nossa rede para isso.
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Ainda assim, Collado acredita que os meios tradicionais de pagamento não devem desaparecer.
Além dos pagamentos
A Visa apresentou recentemente uma nova plataforma, a Intelligent Commerce, que tem como meta preparar assistentes virtuais, como chatbots, para realizar transações comerciais completas. A ideia é permitir que o consumidor peça à IA, por exemplo, o planejamento de uma viagem e receba recomendações personalizadas baseadas em seu histórico de compras — com o pagamento já integrado. A nova plataforma conversa com o plano da Visa em se tornar uma empresa que vai além das transações financeiras.
— Queremos ser agnósticos, com serviços para atender todas as marcas. Não importa quais marcas, porque queremos que os clientes nos vejam como uma loja única: Visa como um serviço. Estamos preparando nossa rede para estarmos em qualquer lugar. Esse é o nosso conceito de ‘além dos pagamentos’. Vamos continuar focando em garantir que a Visa seja a melhor forma de pagar, mas vamos continuar adicionando novas capacidades à nossa rede.
Como parte desse movimento de ampliar seu papel no ecossistema financeiro, a Visa também vem apostando em aquisições e novas soluções que expandem sua atuação para além do pagamento em si. Em 2024, a empresa concluiu a compra da Pismo por US$ 1 bilhão, companhia que fornece uma plataforma de processamento “tudo em um” para bancos. A tecnologia permite gerenciar desde operações com cartões até serviços bancários completos, como contas correntes, poupança e concessão de crédito.
Com a compra, bancos e fintechs clientes da Visa podem criar carteiras e cartões digitais com mais agilidade, além de usar dados de transações para melhorar a experiência dos seus usuários.
— Pense em quão poderoso é ter uma plataforma que permita ver o seu cliente onde quer que ele esteja gastando. Então, seja fazendo um pagamento de conta ou um saque em caixa eletrônico, você consegue acompanhar.
Outra ferramenta é o Click to Pay, lançado no ano ado em parceria com a Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs). É uma forma de pagamento automático: no carrinho, o consumidor informa e-mail e endereço, faz a autenticação em duas etapas e conclui a compra sem precisar digitar os dados do cartão, que ficam armazenados com segurança.
Um dos focos da empresa é escalar o sistema de keys, que elimina a necessidade de senhas, substituindo-as por autenticação biométrica, como impressão digital ou reconhecimento facial. A tecnologia é baseada no FIDO2, padrão de autenticação que armazena a credencial, ou chave de o, no dispositivo.
Diferentemente das senhas de uso único (OTPs), as chaves de o são resistentes a tentativas de phishing porque utilizam criptografia de chave pública, que funciona com um par de chaves — uma pública e outra privada — que garante a autenticação segura do usuário sem expor suas credenciais. Isso impede que as credenciais sejam interceptadas ou usadas de forma indevida por criminosos.
— Se eu tivesse que apostar, diria que 2026 será o ano em que veremos um crescimento maior do Click2Pay e do keys.