Samba de Coco Raízes de Arcoverde concorre ao Prêmio da Música Brasileira pela primeira vez
Grupo do Sertão pernambucano aparece na categoria "Raízes", disputando a premiação "Artista" juntamente com Elba Ramalho, Joelma, Dona Onete e Alceu Valença
O Samba de Coco Raízes de Arcoverde segue se destacando no cenário da música nacional. O grupo autoral do Sertão de Pernambuco foi indicado pela primeira vez ao Prêmio da Música Brasileira 2025, que realizada sua 32ª edição no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, no dia 4 de junho, às 20h.
No Prêmio da Música Brasileira, o grupo com a liderança dos mestres Assis Calixto, patrimônio vivo de Pernambuco, e Damião Calixto, patrimônio vivo de Arcoverde, inaugura a categoria “Raízes” (premiação: artista), juntamente com cantoras e compositoras — a paraibana Elba Ramalho; e as paraenses Dona Onete e Joelma —, além do pernambucano Alceu Valença.
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Sobre o grupo
O Coco Raízes de Arcoverde tem em sua raiz o “trupé”, que é justamente a dança e o ritmo dos pés com tamancos de madeira nos tablados, trazendo uma identidade percussiva e ancestral.
As sandálias, inclusive, são feitas pelo mestre Assis Calixto. Vale destacar que Arcoverde é a terra do samba de coco e a categoria “Raízes” é inédita, tanto na premiação “Artista” — indicação do Coco Raízes e demais artistas da lista acima — como em “Lançamento”.
“É uma conquista coletiva e de comprometimento do grupo, principalmente de toda a equipe técnica do Samba de Coco Raízes de Arcoverde. Esse reconhecimento nacional é importante para a nossa continuidade, preservando sempre a memória do mestre Lula Calixto (1942-1999), com fortalecimento, valorização e resistência da cultura negra, indígena e popular de raiz”, comenta o cantor, compositor, músico, arte-educador e artesão Assis Calixto (79 anos de idade).
O cantor, compositor e produtor cultural Damião Calixto (78 anos de idade) também celebra o feito de conquistar a indicação ao prêmio em nível nacional.
“A gente avança, coletivamente, enquanto grupo que faz arte popular cantando e contando histórias e também reando saberes a partir de uma diversidade de vivências. É importante reforçar que o Samba de Coco Raízes de Arcoverde é e sempre foi um conjunto independente com uma identidade da cultura afro e dos povos originários”, acrescenta.
Certificado
Neste mês de maio, o grupo recebeu oficialmente o certificado de indicação ao 32º Prêmio BTG Pactual da Música Brasileira, pela categoria “Raízes” (artista). O anúncio oficial da lista com as indicações foi realizado em São Paulo, no último mês de abril, em evento no MASP (Museu de Arte de São Paulo).
Foi a primeira vez que houve um encontro para a revelação dos indicados e indicadas, sendo apresentado por Lázaro Ramos, além de marcado por homenagens, apresentações inéditas e lançamento de iniciativas à classe artística. Também em maio, Assis Calixto e Damião Calixto conquistaram o título de cidadão arcoverdense, pela Câmara Municipal de Arcoverde.
Com a presença dos mestres da cultura popular, a entrega do título aconteceu no Centro de Gastronomia de Arcoverde (CGA), no último dia 09. Desde 1992 compartilhando a arte de sambar coco, o grupo foi formado pelas famílias Calixto, Lopes e Gomes, existindo e espalhando até o hoje o legado de Lula Calixto, irmão de Assis e Damião.
Eles cantam e tocam com a família, trazendo na formação Dayane Calixto (dançarina e musicista), Damares Calixto (cantora e musicista), Ilma Calixto (cantora e produtora executiva), Kell Calixto (cantor, dançarino e musicista), Black Calixto (cantor, dançarino e musicista), Iranildo Calixto (dançarino), Danilo Calixto (pandeiro), Françua Gomes (surdo), Douglas Calixto (cantor, dançarino e musicista) e Joana D’arc (cantora e musicista).
“Dentro da própria composição, temos o protagonismo e a potência das mulheres do Sertão, com Damares, Ilma, que a gente chama carinhosamente de Pecon, e Joana D’arc, a mais jovem do grupo”, destaca Dayane, dançarina que está há mais tempo na formação. Articulações em alta O grupo rea e compartilha saberes pelo Brasil afora.
Intercâmbio Cultural
Em 2024, realizou shows e vivências por meio de oficinas e atividades artístico-culturais, circulando por Rio de Janeiro, São Paulo (duas vezes, uma delas na Virada Cultural, em maio), Fortaleza, Maranhão e Paraíba, além de percorrer o Sertão, o Agreste, a Zona da Mata de Pernambuco e a Região Metropolitana do Recife.
Em 2023, lançou músicas do álbum “Cantando Coco”, com produção da Gravadora Experimental Faculdade de Tecnologia do Estado (Fatec) Tatuí, em Sorocaba, interior de São Paulo. No mesmo ano, Dayane Calixto e Kell Calixto foram a Moçambique, na África, representar todo o grupo no projeto “PE em Moçambique”, que aconteceu na capital Maputo.
A vivência proporcionou um intercâmbio de saberes e culturas durante a primeira experiência do Coco Raízes de Arcoverde no continente africano.
O grupo, inclusive, já esteve também se apresentando em diversos países da Europa, como Alemanha, Bélgica, Dinamarca, Finlândia, França, Holanda, Itália e Noruega.