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Literatura

Clara Simas ressignifica o luto e lança, no Recife, fotolivro "Meu pai morreu três vezes"

Publicação será lançada nesta quinta (5), na Galeria Garrido, bairro de Santana; e no Cinema São Luiz, no domingo (8)

"Meu pai morreu três vezes", novo trabalho da artista visual Clara Simas, diálogo póstumo entre filha e pai em uma jornada de cinco anos entre arquivos esquecidos, cenas de cinema e memórias inventadas, será lançado nesta quinta-feira (5), na Galeria Garrido, no bairro do Santana, às 18h, e no Cinema São Luiz, a partir das 14h do domingo (8).

O fotolivro propõe narrativas que se desdobram entre o real e o imaginado, entre a dor e a criação, foi editado pela Propágulo, e e publicado com apoio do Funcultura e da Lei Paulo Gustavo - Recife.
 

Na telona
No domingo (8), no Cinema São Luiz, o lançamento contará com exibição de uma versão remasterizada e restaurada em 4k do filme "Meteorango Kid: Herói Intergaláctico", no qual Manoel Costa, pai da autora, interpreta o icônico personagem Caveirinha, e o curta-metragem Creuzinha não é mais tua, de Amin Stepple, que também tem a participação de Manoel Costa. 

Sobre o fotolivro
Toda a história da publicação nasce a partir de vestígios da vida de Caveirinha – ator amador do Cinema Marginal baiano nos anos 1970, jornalista, figura cheia de contradições como, por exemplo, ter sido um pai amoroso, porém ausente.

Quando perdeu seu pai, Clara tinha 14 anos, mas a relação já era feita de vazios muito antes disso. "Minha memória dele sempre foi confusa. Tive que preencher as lacunas através de um processo arqueológico", lembra.

Ainda jovem, quando do falecimento dele, não foi possível para Clara já naquele momento viver o luto e entender a dimensão daquela perda. “Foi preciso que se assem muitos anos e que eu entrasse num processo terapêutico para então começar a especular o que significava a morte de um pai, que ao longo da sua vida já foi alguém bastante ambíguo e ausente”, diz. 

Ao perceber que precisaria se voltar para essa relação, entendê-la, para então seguir adiante, Clara começou a organizar diversas informações sobre seu pai e seus vários personagens. Nesse processo, ela descobriu que ele tinha morrido várias vezes – não só na vida real, mas também nas telas.

Enquanto mergulhava em filmes antigos nos quais ele atuou, deparou-se com cenas de morte ficcionais que pareciam ecoar seu próprio luto. "Assistia a essas cenas repetidamente. Me acostumei a vê-lo morrer na tela", lembra. Daí veio a pergunta que guiaria o projeto: quantas vezes uma pessoa pode morrer? A cada morte, estaria morrendo sempre o mesmo homem?

Além do material iconográfico, há, em cada capítulo, um interlocutor que ajudou a artista a conhecer um pouco mais sobre cada parte do seu pai. Sua tia, irmã dele, Vera Lúcia Simas, falou sobre um tipo de homem comum e sua história familiar.

SERVIÇO:
Lançamento do livro "Meu pai morreu três vezes", de Clara Simas

Quando: Quinta, 5 de junho, às 18h
Onde: Garrido Galeria - R. Samuel de Farias, 245 - Santana, Recife.

Quando: Domingo, 8 de junho, 14h-17h
Onde: Cinema São Luiz - R. da Aurora, 175 - Boa Vista, Recife.

 

 

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