Logo Folha de Pernambuco
FESTIVAL

C6 Fest: Primeira noite do festival vai do jazz ao transcendental, com destaque para Amaro Freitas

O pianista pernambucano se apresentou pela primeira vez em Septeto, empolgando o público que o aplaudiu de pé duas vezes, durante a apresentação

Primeiro noite do festival, nesta quinta (22), levou ao Auditório Ibirapuera o saxonofonista Joe Lovano, o pianista pernambucano Amaro Freitas e a cantora Arooj Aftab

Começou, na noite desta quinta (22), a 3ª edição do C6 Fest, que traz, mais uma vez, a São Paulo - ontem e hoje, mais exatamente, no belíssimo Auditório Ibirapuera (obra de Oscar Niemeyer) - o que de mais relevante há no universo do jazz, rock e indie, seja entre nomes de longa estrada como quem vem despontando nos últimos anos.

Com uma curadoria que prima pela diversidade de linguagens musicais e de artistas, o C6 apresenta, até o próximo domingo (25), um mosaico portentoso do que há de mais interessante na música mundial.

Nesta primeira noite, subiram ao palco do Auditório Ibirapuera: Joe Lovano Tenor Legacy, Amaro Freitas Septeto e Arooj Aftab.

Lenda do saxofone
Quem abriu os trabalhos dessa C6 Fest foi justamente a última atração convidada a participar do festival: o lendário saxofonista norte-americano Joe Lovano entrou na programação na última semana, em substituição ao etíope Mulatu Astatke, que, devido a um infarto, foi hospitalizado e teve seu show cancelado.

Com a experiência de quem já tem mais de 40 álbuns gravados, 14 indicações e um prêmio Grammy conquistado - pelo álbum “52nd Stret Themes” (2000) - Lovano era pura tranquilidade e um domínio estupendo do que há de mais essencial no free jazz: o improviso.

Acompanhando da afiadíssima banda formada por George Garzone (sax tenor), Lawrence Fields (piano), John Menegon (baixo) e Lamy Istrefi (bateria), o saxofonista conduziu o show baseado no álbum “Tenor Legacy” (1993), mas que abria espaço para momentos de profunda viagem musical, com músicas que se estendiam por mais de 10 minutos, hipnotizando a plateia.

O saxonofoista Joe Lovano abriu a 3ª edição do C6 FestO saxonofoista Joe Lovano abriu a 3ª edição do C6 Fest | Foto: C6 Fest/Divulgação

Em momentos, a livre e radicalíssima improvisação se adensava ao ponto de soar como caos, porém, a música fluía e nada se perdia. Pelo contrário, a potência dos sons se somavam e Joe Lovano, como maestro, fez desse início de noite e de C6 uma chancela de um grande nome para os que irão se apresentar nos próximos dias.

Piano recifense do mundo inteiro
Da periferia do Recife ao profundo da selva Amazônica, ando pelo mundo, o piano do  pernambucano Amaro Freitas, único brasileiro nesses dois dias de shows no Auditório do Ibirapuera, parece conseguir manejar sons da natureza, loops rítmicos, jazz, claves africanas e um sem fim de elementos sonoros/musicais.

Amaro subiu ao palco do C6 incensado pela ascendente trajetória que vem trilhando nos últimos anos, com agem pelos principais palcos de jazz do mundo. A convite do festival, Amaro preparou um show inédito com uma formação para ele também inédita: um septeto.

Vestido com uma bata preta e acompanhado de um trio de sopros (onde revezaram saxofones, flautas, pífanos, trompete), contrabaixo acústico, percussão e bateria (todos vestidos de branco), o pianista, compositor e arranjador fez um show potente, em que, por pelo menos duas vezes, foi aplaudido de pé durante a apresentação.

Na música de Amaro e seu septeto ecoam sons ancestrais, a diáspora negra mundial, elementos afro-brasileiros e afro-indígenas, também conectadas com uma linguagem universal que a música lhe permite e da qual ele lança mão com profunda naturalidade - bastava mirar os sorrisos e olhares entre ele e os músicos, para perceber como música é, de fato, uma conversa boa.

“Em um festival que traz um território de música internacional, eu queria trazer um show que tivesse a música brasileira mas que dialogasse com a cena do jazz mundial”, disse Amaro, no palco. 

“neo-sufi”
Encerrando esta primeira noite de C6 Fest, a premiada cantora e compositora paquistanesa Arooj Aftab trouxe ao Ibirapuera seu som particular e original, batizado de “neo-sufi”.

Primeira mulher paquistanesa a ganhar o Grammy - como “Melhor Performance Musical Global”, pela música "Mohabbat", em 2022 - Arooj Aftab trouxe ao palco do Ibirapuera uma apresentação com ares contemplativos.

O “neo-sufi” de Arooj é uma referência ao sufismo, vertente do Islã que se refere à conexão entre o humano e o sagrado, o divino. Seguindo essa linha, o som de Arooj tece atmosferas místicas, transcendentes.

Com uma azeitada banda - formada por piano, baixo acústico, flauta e harpa - Arooj entoou suas canções em um misto de inglês e urdu (língua oficial do Paquistão), como que trazendo ao tempo presente toda uma gama referencial secular, mas, através de uma linguagem musical original, sem algum paralelo imediato.

A Folha de Pernambuco segue acompanhando o C6 Fest até o próximo domingo (25), no Parque do Ibirapuera, em São Paulo (SP).

Confira as atrações do C6 Fet desta sexta-feira (23/05)

Auditório Ibirapuera
20h - 21h | Kassa Overall
21h20 - 22h20 | Brian Blade & The Fellowship Band
22h40 - 00h | Meshell Ndegeocello

O repórter viajou a convite do C6 Bank.
 

Newsletter