Aos 95, Clint Eastwood anuncia planos de dirigir novo filme e reclama de remakes no cinema
Sem planos de se aposentar, ator e diretor vencedor do Oscar provoca nova geração: 'faça algo novo ou fique em casa'
Lenda do cinema, Clint Eastwood completou 95 anos no sábado (31), mas não dá sinais de sair de cena. Em uma entrevista recente ao jornal austríaco Kurier, o ator e diretor vencedor do Oscar avisou que os fãs não precisam se preocupar com sua aposentadoria "por muito tempo": ao revelar que está atualmente em pré-produção de seu próximo filme — apesar dos rumores de que "Jurado nº 2", de 2024, seria seu último filme —, o astro de Holywood afirmou que planeja continuar trabalhando e que ainda está em boa forma física.
"Não há razão para que um homem não possa melhorar com a idade", disse Eastwood. "E eu tenho muito mais experiência hoje. Claro, existem diretores que perdem o jeito com uma certa idade, mas eu não sou um deles."
Questionado sobre o cenário atual do cinema, o diretor de "Os imperdoáveis" lamentou que a indústria cinematográfica esteja repleta de remakes, franquias e adaptações de obras já existentes, incentivando a nova geração de cineastas a criar novas ideias.
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"Sinto saudades dos bons velhos tempos, quando roteiristas escreviam filmes como 'Casablanca' em pequenos bangalôs no estúdio. Quando todos tinham uma nova ideia", disse ele. "Vivemos em uma era de remakes e franquias. Já filmei sequências três vezes, mas não me interesso por isso há muito tempo. Minha filosofia é: faça algo novo ou fique em casa."
Eastwood continuou dizendo que sua criação no "antigo sistema" de Hollywood o forçou a evoluir constantemente como artista e a estar atento à próxima grande ideia cinematográfica. E explicou por que acredita ainda fazer sucesso após uma carreira de sete décadas.
"Não me repeti, nem sempre fiz o mesmo tipo de filme, sempre tentei algo novo. Um novo gênero, um papel diferente", disse ele. "Como ator, eu ainda tinha contrato com um estúdio, estava no antigo sistema e, portanto, era forçado a aprender algo novo a cada ano. E é por isso que vou trabalhar enquanto ainda puder aprender alguma coisa, ou até ficar realmente senil.”
Eastwood iniciou sua carreira de ator em 1954, quando assinou um contrato com a Universal Pictures, interpretando inicialmente papéis menores em filmes, incluindo "Tarântula" e "A vingança da criatura". O ator conquistou seu papel de destaque ao interpretar Rowdy Yates no popular faroeste da TV "Rawhide", exibido de 1959 a 1965. Na década de 1960, também alcançou o estrelato internacional ao interpretar O Homem Sem Nome, um pistoleiro destemido, personagem dos faroestes italianos do diretor Sergio Leone, incluindo "Por um punhado de dólares", de 1964; "Por uns dólares a mais", de 1965; e "Três homens em conflito", de 1966, todos sucessos de bilheteria nos Estados Unidos.
Em 1971, Eastwood estrelou como o inspetor de polícia Harry Callahan no thriller de ação "Dirty Harry" ("Perseguidor implacável", no Brasil), sucesso de crítica e público que gerou quatro sequências. Em 1995, Eastwood coestrelou com Meryl Streep o drama romântico "As Pontes de Madison", baseado no romance homônimo, marcando uma ruptura com seus papéis habituais de durão.
O astro recebeu dois Oscars em 1992, após dirigir e produzir o clássico faroeste "Os imperdoáveis", e, aos 74 anos, tornou-se a pessoa mais velha a ganhar o Oscar de Melhor Diretor por "Menina de Ouro", que também lhe rendeu um Oscar de Melhor Filme.
Outros filmes aclamados do diretor californiano incluem "Sobre Meninos e Lobos" (2003), "Menina de Ouro" (2004), "Cartas de Iwo Jima" (2006), "Gran Torino" (2008), "Invictus" (2009), "J. Edgar" (2011), "Sniper Americano" (2014), "Sully" (2016), "A Mula" (2018), "Richard Jewell" (2019) e "Cry Macho" (2021)