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Vida Plena

É possível ter vida sexual ativa depois dos 60 anos? Especialista responde

Geriatra também explica sobre IST’s

Ao longo dos tempos, sempre se alimentou a curiosidade sobre como funciona e se é, de fato, possível haver prática sexual entre casais da terceira idade, que, segundo o Estatuto do Idoso, no Brasil, é faixa etária formada por pessoas acima dos 60 anos.

Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), levantados em 2022, o País tem 32.113.490 idosos, população que cresceu 15,6%, quando comparado a 2010, quando tínhamos 20.590.597 pessoas idosas.

Chegada a semana em que se comemora o Dia dos Namorados, percebe-se que a prática sexual pode estar fixada, mais do que nunca, na rotina de quem já vive a velhice, que não é impeditivo para a busca pelo prazer.

Tabu
De acordo com o geriatra Sérgio Murilo, do Hospital Jayme da Fonte, a temática ainda é tratada como um tabu, pela época em que as pessoas nasceram e por conta da cultura daquele tempo. É possível, segundo ele, encontrar esse receio e tratar do assunto em pessoas que nasceram nos anos 40, por exemplo. O especialista relata que a evolução sexual dos casais é heterogênea, ou seja, cada um evolui de forma diferente.

Sérgio Murilo é geriatra do Hospital Jayme da Fonte | Foto: Walli Fontenele/Folha de Pernambuco

“Alguns têm mais interesse sexual, alguns têm menos. Isso não chega a ser uma falha de uma parte ou de outra. Há influências físicas, psicológicas e do meio. Além disso, a sexualidade é influenciada pela saúde. O contrário também é verdadeiro. Há pessoas que mantêm o interesse sexual por mais tempo, aos 70 ou até mesmo aos 80 anos”, frisa.

Corpo muda com o ar dos anosCorpo muda com o ar dos anos
Ainda segundo Murilo, o corpo a por mudanças hormonais que podem ou não interferir na força sexual. A menopausa, conforme diz o Ministério da Saúde, chega para as mulheres, entre os 45 e 55 anos. Este é o marco que inicia o fim da reprodutividade feminina. Já a andropausa, que atinge os homens, é a diminuição da produção de testosterona que ocorre naturalmente, a partir dos 40 anos.

“[Com o ar do tempo] a vagina fica mais seca, o que é uma coisa natural e que pode levar a mulher a pensar que é falta de interesse sexual. Da mesma forma acontece com o homem. Há um aumento de frequência de disfunção erétil e ele pode pensar que isso é uma dificuldade do interesse sexual, mas é uma coisa fisiológica. Outro ponto é que os homens morrem antes das mulheres. Então é mais comum para os homens ter uma parceira até o final da sua vida. Já elas perdem o parceiro mais precocemente, o que é um grande limitador na vida sexual da mesma”, acrescenta.

IST’s
O geriatra pontua ainda que o número de infecções sexualmente transmissíveis tem crescido entre a população idosa. O uso de medicamentos para provocar a ereção masculina está entre as causas do surgimento desses males.

“Além disso, há uma dificuldade maior em uso de preservativo, tanto masculino, que é o mais comum, como o feminino, por alguns motivos, seja pela dificuldade em manter o pênis totalmente ereto ou a lubrificação, no caso da mulher. Isso leva a esse aumento de infecções, como clamídia, gonococo, sífilis e até mesmo HIV, que não é tão frequente, mas que aumentou de incidência, nos últimos anos, entre os idosos”, detalha ele.

Diálogo
Embora os aspectos físicos tenham generosa influência para os homens, as mulheres prezam pela qualidade da relação. Com isso, a melhor forma para a continuidade da prática sexual entre o casal é o diálogo sobre até quando isso pode acontecer de forma saudável.

“O mais importante disso é ambos se conhecerem e chegarem a um comum acordo, inclusive os casais LGBTQIAPN+, entendendo a si mesmo e ao parceiro, para chegar ao consenso da forma que eles possam manter essa prática de vida saudável”, finalizou o médico.

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